A urbe do passado, do presente e do futuro. A exposição “Ganhar as ruas” discute a ocupação das cidades, repensada diante de uma pandemia que redefiniu o comportamento das pessoas nas ruas. Enquanto fotografias de Roberto Dornelas, pertencentes ao Acervo do Memorial, evocam a Juiz de Fora das décadas de 1960 e 1970, as imagens da artista Nina Cristofaro apontam para as ruínas capazes de narrar as memórias e a atualidade. Com sua série Ilustra Monstro, o artista Luiz Gonzaga contribui para o debate acerca da cidade da fantasia, num convite à imaginação, à criatividade e à nova ocupação das ruas.
Artistas envolvidos: Luiz Gonzaga (Ilustra Monstro), Nina Cristofaro e Roberto Dornelas (Acervo Memorial)
Visitação: de 14 de fevereiro a 20 de maio de 2022, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h
Fez-se madrugada e era dia. Tudo vazio. Tudo em silêncio. Tudo em suspenso. O vírus varreu as ruas durante dias, semanas e meses. Enquanto deixamos no passado o cenário distópico do período mais agudo da pandemia de Covid-19, retomamos a ocupação da cidade transformados por uma disruptiva experiência. Nada será como antes?
Em constante e profundas mutações, as cidades são sempre outras e outras, mas permanecem organizando os fluxos de gentes. Como lembra a arquiteta e urbanista brasileira Raquel Rolnik, em seu fundamental “O que é cidade”, elas podem ser estrutura e também forma de vida. Quando pouco ou não pensadas, podem ser a degradação que irrompe porta adentro de cada um.
As cidades contam sobre nós, mais até do que contamos sobre elas. A série “Reminiscências da cidade”, de Nina Cristofaro, nos aponta para essa instância da memória que comunica, seja ela ruína, seja ela restauração. A cidade hoje é um pouco da que foi e da que está por vir. Juiz de Fora, nos segredam as fotografias que extraímos de nosso acervo, ainda preserva muito das ruas por onde passou um prefeito de nome Itamar Franco.
Cidade, a palavra, está enraizada em “civitas”, termo latino que intimamente se relaciona com a ideia de política. É na cidade que agimos politicamente, coletivamente. Tomar as ruas é assumir a direção da coletividade, é fazer ouvir sua voz, é bradar e dizer-se importante. “A aventura própria das cidades só vinga se é possível produzir o coletivo”, define a antropóloga Janice Caiafa em “Aventura das cidades: ensaios e etnografias”. E continua: “A experiência da alteridade, que cria o espaço aberto, que renova os processos subjetivos, não sobrevive nos meios privatizados.”
O exercício da cidadania, portanto, liga-se à perspectiva de direito da cidade, do filósofo Henri Lefebvre. Um devir, um projeto, um desejo. A cidade também é uma ficção a se construir, como indica Luiz Gonzaga e sua série “Ilustra Monstro”, que atua como um convite a repensar em outros invasores para as ruas que voltamos a ocupar. Deixemos para trás o que nos aterrorizou ao esvaziar a cidade e pensemos numa ocupação onde prevaleça o lúdico, o simpático, o empático, o justo e o democrático. Criemos novos dias e novas cores para uma nova cidade. Ganhemos as ruas ocupando-as. Ganhemos as ruas trazendo para nós toda a cidade. Por uma utopia.
Ganhar as ruas
Curadoria
Mauro Morais
Paulo Alvarez
Identidade visual
Gabriel Rezende
Realização
Universidade Federal de Juiz de Fora
Pró-reitoria de Cultura
Memorial da República Presidente Itamar Franco
Memorial da República Presidente Itamar Franco
Arquivo e pesquisa
Kelly Herrera
Lilian Andrade
Difusão cultural e educação
Mauro Morais
Segurança
Carlos Roberto S. Quintiliano
Geraldo Magela
Giani Paula de Almeida
João Fonseca
Programa de Treinamento Profissional
Júlia Torrent
Laura Kasemiro
Luana Dias
Tainá Oliveira
Thaís Gamarano
Supervisão
Daniella Lisieux
Pró-reitora de Cultura
Valéria Faria
Vice-reitora
Girlene Alves da Silva
Reitor
Marcus Vinicius David