O exercício da reflexão contra os totalitarismos

Compartilhe

Raquel Reis

Hannah Arendt, ao descrever a construção dos governos totalitários do século passado, atenta para os valores de uma sociedade na qual a morte e a dor havia se tornado comuns, o que ela expressará como ‘banalidade do mal’.

É destacado pela autora o caráter perene da moral nas sociedades, algo que parece natural ao ser humano se modifica com grande facilidade, ela dá o exemplo da sociedade alemã que incorporou valores nazistas rapidamente, assim como os rechaçou com a queda de seu líder na mesma velocidade.

Por conta disso, Arendt defende o exercício do pensamento como um ato político e de liberdade. Nós devemos a nós mesmos e a sociedade – de maneira geral – a reflexão dos acontecimentos a nossa volta. Não é digno ser banal, se somos capazes de discernir e julgar.

Não há culpa coletiva – nem tão pouco inocência, obedecer é apoiar. Cada pessoa deve ser responsabilizada por seus próprios atos. Servir e obedecer incondicionalmente não deve ser fator amenizador.

Este livro foi escrito logo após o término da Segunda Guerra Mundial, e Arendt descreve a situação, principalmente, da Alemanha, mas ele pode servir de luz para a realidade que nos cerca. Em um tempo em que chegamos a conceitos como ‘pós-verdade’, cobrar verdade nos discursos é pouco, já que o olhar pode ser enviesado, a nossa luta deve ser por TRANSPARÊNCIA.

Devemos nos perguntar a todo o instante ‘por que isto está sendo dito agora?’. Devemos viver em paz com nós mesmos, não pela alienação, mas capacidade e dever do pensamento.

“As soluções totalitárias podem muito bem sobreviver à queda dos regimes totalitários sob a forma de forte tentação que surgirá sempre que pareça impossível aliviar a miséria política, social ou econômica de um modo digno do homem”.

“Para o historiador dos tempos modernos é especialmente importante ter cuidado com as opiniões geralmente aceitas, que dizem explicar tendências históricas, porque durante o último século foram elaboradas numerosas ideologias que pretendem ser as “chaves da história”, embora não passem de desesperados esforços de fugir à responsabilidade”.

Crédito da imagem: Hannah Arendt na década de 1960 [reprodução]

REFERÊNCIAS

ARENDT, Hannah. “Origens do Totalitarismo”. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.


Como citar esse texto: REIS, Raquel (2020). “O exercício da reflexão contra os totalitarismos“. Panteão: Memorial da República Presidente Itamar Franco. [online]. Acesso em: [dia-mês-ano da consulta], n.p. Disponível em: [link do post]


Raquel Reis

Meu nome é Raquel Reis. Sou licenciada em Letras, pela UFJF, e mestre em Ciência da Literatura, pela UFRJ. Me realizo – nos dias de hoje – na leitura que estimula uma reflexão da nossa realidade e na escrita de algumas provocações.

Siga o Memorial