Das salas para as ruas: a atuação dos estudantes pelo retorno da democracia

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O material a seguir integra a pesquisa para a composição da exposição "Seres políticos, seres plurais"

Após dez anos de intensa repressão, atos institucionais duríssimos, censuras, perseguições políticas e uma baixa e dificultosa mobilização dos movimentos sociais, inicia-se, em 1974, um processo de transição no Brasil. No fim do túnel, a democracia. O período foi marcado por uma “abertura lenta, gradual e segura”, nas palavras do então presidente Ernesto Geisel, um general. Os militares, por sua vez, pretendiam controlar esse processo de transição e, dessa forma, mantiveram-se no poder. Não foram os únicos a conduzir essa narrativa, contudo. O momento contou também com a participação da sociedade civil promovendo inúmeras ações de pressão ao governo, principalmente através dos movimentos sociais.

Nesse cenário, o movimento estudantil foi um dos grupos que tiveram um papel primordial no processo de transição democrática. Mobilizados, os estudantes novamente ocuparam as ruas e promoveram uma série de atos em resistência ao regime militar. Ações que impulsionaram e abriram espaço para os demais movimentos sociais aderirem à luta pela democracia, levantando pautas importantes para a (re)construção da política nacional.

Assembleia da Libelu nos anos 1970. (Divulgação/Libelu-Abaixo a Ditadura)

A partir do início de 1977, o movimento estudantil passou a demonstrar ainda mais força na oposição ao regime militar. Em março, em São Paulo, ocorreu uma passeata com cerca de três mil estudantes que caminharam do campus da USP até o Largo de Pinheiros, desviada do cerco policial. Várias manifestações e ações aconteceram ao longo dos meses seguintes, como greves em universidades, comitês, encontros clandestinos e passeatas que surgiram em diferentes partes do país em apoio ao movimento.

No ano seguinte, os atos tomaram ainda mais força, engajando principalmente na luta pela anistia ampla, geral e irrestrita. Em 1979, após um importante congresso de reconstrução, a União Nacional dos Estudantes, a UNE, começa a dar os primeiros passos para seu retorno. Naquele momento, a entidade constituía importante frente de luta e organização das bases do movimento.

Trailer do documentário “Libelu – Abaixo a ditadura”, de Diógenes Muniz, sobre o grupo Liberdade e Luta, surgido na USP.

Nesse mesmo período, as atuações dos estudantes estavam atreladas ainda a outros movimentos que lutavam pelo retorno da democracia. O movimento deu apoio a greves operárias e de outras categorias, auxiliou na reorganização partidária, avançaou junto aos movimentos de mulheres e participou ativamente da campanha pelas Diretas Já (1984-85). Os gestos foram importantes para a luta, pois para que houvesse uma profunda transformação social, era necessária a união de diferentes coletividades e segmentos da sociedade.


Texto produzido por Tainá Oliveira, bolsista de Treinamento Profissional do Memorial da República Presidente Itamar Franco sob supervisão de Mauro Gabriel Morais, da divisão de difusão cultural e educação. Trabalho desenvolvido como atividade de pesquisa para a elaboração da exposição “Seres políticos, seres plurais”.

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