O tempo e seus resquícios nas ruas, por Nina Cristofaro

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Artista fala sobre série de registros de casarões antigos de Juiz de Fora, que apresenta na exposição “Ganhar as ruas”

Resquícios do Tempo. Essa série de fotografias foi realizada a partir do meu interesse por aspectos visuais e simbólicos identificados em construções que resistiram ao processo de urbanização da cidade de Juiz de Fora. A partir dessa percepção, busquei registrar algumas dessas residências antigas que, embora não tenham sido substituídas ou demolidas por completo, sofreram consideráveis transformações ao longo dos anos.

São casas que não deixaram de existir, porém foram esquecidas, desconfiguradas e negligenciadas. E, no atual cenário urbano, encontram-se em situação de invisibilidade, descuido e abandono.

Obra de Nina Cristofaro compõe a exposição “Ganhar as ruas”, em cartaz no Memorial (Foto: Divulgação)

Em meio à visualidade citadina, há alguns elementos de assombro, tal como ruínas, rachaduras nas paredes, portas interditadas com concreto e janelas e números de identificação ausentes – que provocam estranhamento e nos levam a questionar o sentido de moradia e espaço habitável. O “Vende-se” ecoa por toda a cidade, em casas desistidas, que esperam o que virão a ser. Nesse âmbito, venho me dedicando a captar os resquícios, as marcas depositadas pelo tempo, os traços que essas fachadas revelam, e o que elas ocultam.

Utilizo-me da fotografia, pois ela retém os aspectos peculiares de cada construção, além de evidenciar a perda e o restante desses espaços insólitos da cidade, que suscitam olhares ao passado, ao mesmo tempo em que evocam novos questionamentos sobre a posteridade.

Na série “Resquícios do Tempo”, Nina Cristofaro registra o passado ainda presente nas ruas de Juiz de Fora. (Foto: Divulgação)

Quem é Nina Cristofaro. Fotógrafa, artista visual e graduada no curso de Bacharelado Interdisciplinar em Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora, desde 2019 desenvolve o projeto “Reminiscências da Cidade”, em que realiza registros fotográficos do patrimônio arquitetônico da cidade de Juiz de Fora. A partir de seu interesse pela imagem e audiovisual, a artista está sempre em busca de experimentar novas técnicas, diferentes abordagens e de explorar a fotografia como linguagem artística. É integrante do Coletivo Agrupa do Instituto de Artes e Design da UFJF, que se dedica a trabalhos de mosaico e muralismo.


Visite a exposição presencial “Ganhar as ruas”, em cartaz no Memorial!

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