A expectativa e a esperança das brasileiras e dos brasileiros pela posse de Itamar Franco como o 33º Presidente do Brasil

O presente veio dois dias antes do Natal de 1992. Ainda assinando interinamente como Presidente da República, Itamar Franco viu nas capas dos principais jornais do Brasil no dia 23 de dezembro de 1992 o resultado da pesquisa que atestava o crescimento de sua popularidade. Segundo o Datafolha, 34% dos 2.500 entrevistados aprovavam a gestão de Itamar. Antes de assumir a interinidade, o número era de 18%. E 55% diziam acreditar que Itamar tinha “capacidade para resolver os problemas econômicos” do país, ainda que precisasse de mais tempo para tal. O otimismo crescia. Aqueles que apostavam no aumento da inflação representavam 58% dos entrevistados, número menor do que na pesquisa anterior, quando 72% foram pessimistas com a economia nacional.

Em convencimento Faltava, ainda, convencer alguns importantes setores da sociedade, como a imprensa. Tratando Itamar como um político populista, o editorial do jornal Folha de S. Paulo daquele dia justificava o crescimento de popularidade como resposta a uma estratégia frágil. “A poder de iniciativas espetaculares contra o preço dos remédios e em favor do represamento de tarifas públicas, Itamar obteve uma momentânea inversão de expectativas no que toca à avaliação da capacidade do governo para resolver problemas econômicos”, lamentava o veículo. Em artigo do dia 24 de dezembro no jornal O Globo, o jornalista Emil Farhat compara Itamar a Getúlio Vargas. “Ele é dos que pensam que os cataplasmos do paternalismo e do assistencialismo curam a miséria”, critica o autor do texto de viés agressivo, que se arvora em apontar o único caminho possível para o país.

Por políticas efetivas Em seu livro “Era outra história – Política social do governo Itamar Franco 1992-1994”, a autora Denise Paiva faz refletir sobre a complexidade da política social que se erguia naqueles primeiros meses de Itamar Franco na Presidência. Segundo a assistente social, assessora especial da Presidência para assuntos sociais e testemunha da formação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), já antes da posse, em dezembro de 1992, havia um real interesse em discutir e consolidar ações para o enfrentamento da fome, unindo governo e sociedade civil. A articulação que originou o Plano de Combate à Fome e à Miséria não apenas integrava setores distintos como se desejava efetiva e eficaz, capaz de perdurar.

Ótimo ou bom A aprovação do governo de Itamar Franco segue uma constante e, em agosto de 1994, já na reta final da gestão, chega a 37% de ótimo ou bom. Entre os eleitores da oposição sobe a 33%, patamar considerado alto. Ao sair do governo, Itamar tem a aprovação de 41% dos brasileiros e das brasileiras. Na história recente, Itamar é o segundo presidente em taxa de aprovação ao sair do governo, de acordo com levantamento do Datafolha. Collor, seu antecessor, desfrutou mostrou-se ótimo ou bom para apenas 9% dos brasileiros. A avaliação de Fernando Henrique Cardoso foi de 26%, por sua vez. Já a de Lula foi a maior, de 83%, enquanto Dilma atingiu 13% e Temer, 7%. A expectativa do brasileiro na pesquisa de dezembro de 1992 se realizou.

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