A Importância do Incentivo Político ao Esporte Feminino: Rumo à Igualdade Constitucional nas Quadras
Postado em 4 de agosto de 2023Com a Copa do Mundo de Futebol Feminino em pleno andamento, os holofotes se voltam para as talentosas atletas que competem arduamente pelo título. O torneio, que reúne 32 seleções de diferentes países, destaca não apenas a excelência esportiva, mas também a importância das políticas públicas no incentivo ao esporte feminino. Assegurar a igualdade de acesso ao esporte é um direito constitucional, e é papel do Estado fomentar ações que garantam a valorização e o reconhecimento de todas as mulheres no cenário esportivo.
O futebol feminino tem experimentado um crescimento significativo ao longo dos anos. Desde a primeira Copa do Mundo feminina, realizada em 1991, as equipes têm mostrado um desenvolvimento significativo, elevando o nível de competição e com atletas tornando-se ícones que inspiram milhões ao redor do mundo. Nomes como Marta, Megan Rapinoe, Sam Kerr e tantas outras, provam que o talento e a paixão pelo esporte não têm gênero. Contudo, apesar do progresso, ainda enfrentamos desafios estruturais e culturais que impedem o pleno desenvolvimento do esporte feminino.
A igualdade de oportunidades é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento social e esportivo de uma nação. O esporte não apenas promove a saúde e o bem-estar físico, mas também ensina valores como trabalho em equipe, resiliência e liderança. Portanto, é essencial que as políticas públicas estejam comprometidas com a inclusão e valorização do esporte feminino.
De acordo com o Coordenador do curso Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora ( Faefid/UFJF), Heglison Custódio Toledo, afirma que: “Os desafios culturais e sociais, que ainda limitam a participação plena das mulheres no esporte, esbarram na estrutura educacional. O ensino de educação física nas escolas tem perdido seu espaço para uma formação conteudista, isto não permite a expansão da cultura esportiva e manifestações corporais”. O coordenador ainda enfatiza que “os aspectos relacionados à formação impactam na cultura e consequentemente nas relações sociais. É necessário entender que o esporte é um fenômeno social genuíno e portanto, é necessário valorizar desde a tenra idade”
Políticas públicas efetivas são essenciais para impulsionar o esporte feminino em todas as suas dimensões. O investimento em infraestrutura esportiva, a formação de atletas e treinadoras, e a criação de campanhas de conscientização que combatam estereótipos de gênero são algumas das medidas que podem fazer a diferença.
Além disso, a criação de programas específicos para o desenvolvimento do esporte feminino desde a base até o alto rendimento é uma forma de identificar e potencializar talentos, proporcionando oportunidades para que as mulheres brilhem em todas as modalidades. Incluir o esporte feminino na agenda política é uma atitude assertiva para promover a igualdade de gênero. Quando o Estado coloca o esporte feminino como uma prioridade, está enviando uma mensagem clara sobre a importância da inclusão das mulheres em todas as esferas da sociedade.
Um exemplo de projeto inspirador que incentiva o futebol feminino é o “Futebol pela Igualdade”. O projeto existe desde 2015, e nesse período, mais de duas mil meninas já foram impactadas pela iniciativa que teve início na Areninha do bairro José Walter, em Fortaleza, e agora conta com mais outros três pontos de apoio: CFO, Cuca e Unifor. Um dos muitos diferenciais é a equipe multidisciplinar, constituída apenas por mulheres. O campo une as meninas pelo interesse pelo futebol, e juntas, elas aprendem sobre a importância do lugar que ocupam, sobre empoderamento, igualdade, liderança e outros conceitos que vão se fazer presentes na caminhada de cada uma para o resto da vida. O interesse em comum pela bola é o que faz elas chegarem ao projeto, mas o apoio que encontram uma na outra e lições colaboram para que permaneçam.
Sobre a relevância do futebol feminino na mídia e nas redes sociais virtuais, o coordenador da Faefid ainda aborda que: “O papel da mídia é muito importante pois dá visibilidade e forma opiniões, no entanto, deve-se observar a estrutura do futebol feminino, que por falta de investimento e também questões culturais, ficou apagado por muitos anos. Neste sentido, é necessário dar visibilidade, mas também discutir elementos que impulsionem a cultura esportiva e aparatos de políticas públicas que possam viabilizar a prática desde a iniciação até a profissionalização esportiva”, afirma Toledo.Acompanhar a Copa do Mundo de Futebol Feminino é uma oportunidade de lembrar que o incentivo político ao esporte feminino é uma responsabilidade de todos. Garantir a igualdade no esporte é assegurar que mulheres e meninas tenham o direito constitucional de participar, brilhar e inspirar gerações futuras. O esporte não conhece limites de gênero, raça ou origem, e é fundamental que a política esportiva esteja alinhada com a Constituição, garantindo o direito de todas as mulheres ao acesso, ao desenvolvimento e ao reconhecimento no mundo esportivo.
Incentivar o esporte feminino não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia para construir uma sociedade mais equitativa e resiliente. É necessário reconhecer que as mulheres têm o direito constitucional de participar plenamente da vida esportiva e que o Estado tem o dever de garantir as condições para que isso aconteça.
Matéria editada pela bolsista de Pibart, Elisa Rodrigues, sob supervisão.
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