Hoje, 17, celebramos do Dia do Patrimônio Cultural e entre os dias 16 e 18 de agosto o Sistema Estadual de Museus de Minas Gerais (SEMMG), do qual o Memorial da República Presidente Itamar Franco faz parte, iluminará o palco cultural com uma programação especial em homenagem à esta data. Uma celebração que reforça a importância de valorizar e preservar os elementos que constituem nossa identidade, e nossa herança cultural, é uma oportunidade de reconectar-se com nossa história coletiva.
O Patrimônio Cultural é um mosaico multifacetado que abrange elementos tangíveis e intangíveis, que transcendem o tempo, todos carregando a riqueza da história de uma sociedade. Ele se desdobra em monumentos ancestrais, sítios arqueológicos, tradições transmitidas oralmente através das gerações, expressões artísticas que capturam a essência de uma era e objetos que são como relíquias do passado.
Em sua essência, o patrimônio cultural é um reflexo de nossas identidades, tanto como indivíduos quanto como comunidades. Ele nos lembra de nossas raízes, de onde viemos e da jornada que nos trouxe ao presente. Ao valorizar e proteger nosso patrimônio cultural, estamos essencialmente prestando homenagem às diversas narrativas que nos moldaram. Essa celebração da diversidade vai além da nostalgia; é um reconhecimento de que a experiência humana coletiva é composta por uma infinidade de histórias, cada uma contribuindo para o mosaico de nossa identidade global.
Através do patrimônio cultural, temos uma janela para o passado, uma chance de aprender com os triunfos e tribulações de nossos predecessores. Não se trata apenas de preservar artefatos, mas de manter o conhecimento e as lições encapsuladas neles. As antigas ferramentas, manuscritos, obras de arte e maravilhas arquitetônicas que resistiram ao teste do tempo contêm a engenhosidade e as percepções daqueles que os criaram. Ao compreender os desafios que enfrentaram e as soluções que desenvolveram, podemos nos inspirar para abordar as complexidades de nosso mundo moderno.
A importância da Valorização do Patrimônio Cultural
A valorização do Patrimônio Cultural é uma declaração de respeito pela nossa história e uma ligação tangível entre as gerações. Ele age como um elo entre o passado e o presente, uma ponte que nos ajuda a compreender as nossas origens, a evolução das nossas sociedades e as lições aprendidas ao longo do caminho. Além do aspecto educacional e emocional, o Patrimônio Cultural também desempenha um papel vital na economia e no turismo. Através do turismo cultural, comunidades prosperam, áreas urbanas são revitalizadas e a identidade local é fortalecida.
Além disso, o patrimônio cultural atua como uma ponte, fomentando a unidade e a compreensão entre comunidades diversas. Em um mundo frequentemente caracterizado por divisões, locais e tradições de patrimônio, oferecem um terreno comum onde pessoas de diferentes origens podem se reunir e compartilhar a beleza da expressão humana. Essa unidade não é apenas simbólica; tem o potencial de criar laços sociais reais, incentivando a colaboração e a cooperação para um futuro compartilhado.
Sobre isso a Raquel Barbosa da Silva, museóloga do Museu de Arte Murilo Mendes acrescentou: “É preciso valorizar o patrimônio cultural, pois ele está relacionado à valorização da identidade e memória de um povo, à noção de pertencimento e representa a riqueza cultural manifesta nos sistemas de valores, tradições, crenças e costumes. Assim sendo, é importante para o efetivo exercício da cidadania. Outro fator a ser considerado é que o patrimônio cultural é fonte de pesquisa para várias áreas do conhecimento.”
Desafios Atuais na Preservação do Patrimônio Cultural
A preservação do Patrimônio Cultural enfrenta muitos desafios complexos e prementes que afetam a integridade e a continuidade das heranças que definem a nossa identidade como nação. Em um contexto em que a história se torna cada vez mais vulnerável, é crucial compreender e abordar esses desafios para garantir que as narrativas do passado se perpetuem nas gerações futuras.
Um desses desafios é o envelhecimento e a deterioração dos monumentos e estruturas históricas. A exposição constante às intempéries, à poluição e à ação do tempo leva a um processo gradual de decadência. A restauração e a manutenção desses locais emergem como elementos fundamentais para preservar a sua integridade.
Além disso, a rápida urbanização e expansão das cidades frequentemente colidem com a preservação do Patrimônio Cultural. O crescimento urbano muitas vezes resulta na destruição ou negligência de locais históricos para dar lugar a novos empreendimentos. Encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento moderno e a salvaguarda do passado é um dilema constante.
Raquel ainda relata outras problemáticas relacionadas à preservação do patrimônio: “São vários os desafios, como por exemplo a democratização de acesso e a descontinuidade da política de gestão dos espaços culturais. Além da insuficiência de recursos orçamentários para a manutenção, segurança, preservação e divulgação do patrimônio cultural.”
Ademais, Rodrigo Christofoletti, Professor de Patrimônio Cultural no curso de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), acrescenta que um dos desafios atuais, é também que aquela antiga dicotomia entre patrimônio, material e imaterial tem se dissolvido numa nova categoria híbrida de patrimônio, e que é preciso democratizar a compreensão do patrimônio.
Para o professor, essa definição de patrimônio necessariamente tem que passar pelas mãos daqueles que são os detentores de conhecimento, como as Universidades ou as instituições culturais. Entretanto, ele salienta: “Agora, por outro lado, envolver a comunidade com relação à questão da preservação do patrimônio, também é fundamental. Não é apenas a academia ou, no caso, as instituições que têm um papel preponderante nisso. A comunidade também”, pondera o professor.
Por que o Memorial da República Presidente Itamar Franco é um Patrimônio Cultural?
Os museus são importantes instrumentos de preservação da memória cultural de um povo, e responsáveis por seu patrimônio material ou imaterial. O papel do Memorial é preservar e compartilhar uma parte fundamental da nossa história política e cultural, é uma cápsula que abriga memórias e eventos que definem nossa nação.

Fachada da instituição
A museóloga Raquel afirma que: “O Memorial é um espaço cultural que preserva, pesquisa e divulga um recorte do patrimônio, vinculado à história do Brasil, de Minas Gerais, de Juiz de Fora, em especial de Itamar Franco. A instituição tem o potencial de ser um agente de transformação social, visto que é um local de conexão entre o passado, presente e futuro.”
Portanto, reconhecer o Memorial como Patrimônio Cultural é uma forma de afirmar sua importância e proteger sua capacidade de contar histórias e transmitir conhecimento. Ao receber esse status, o Memorial se torna uma testemunha respeitada do passado e uma fonte valiosa para o futuro.
Para Christofoletti: “O Memorial tem, para além do nome, da concepção de um lugar para guardar a memória, tem um papel fundamental político na difusão do conhecimento dentro da cidade de Juiz de Fora. E nesse sentido, a preservação do patrimônio é apenas uma das ações que a memória bem estruturada pode guardar. Não só porque ela pode gerar políticas públicas de ação prática na vida das pessoas, mas sobretudo porque guarda a especificidade mais importante, na minha opinião, que é um centro de documentação. Ele possibilita que a gente não esqueça do passado.”
O Memorial da República Presidente Itamar Franco preserva todos os documentos guardados pelo seu patrono durante sua vida pública, bem como uma grande biblioteca a acervo museológico. O espaço está aberto para visitação e recebe pesquisadores em sua biblioteca e arquivo mediante agendamento prévio.
Para agendamentos:
– Visitas mediadas: cultura.memorial@ufjf.br
– Pesquisa bibliográfica: biblioteca.memorial@ufjf.br
– Pesquisa arquivística: arquivo.memorial@ufjf.br
Horário de funcionamento:
De terça à sexta-feira, de 10 às 18 horas. Sábados de 12 às 18 horas. Última entrada Às 17h30.
Rua Benjamin Constant, 760, Centro, Juiz de Fora.
Matéria editada pela bolsista de Pibart, Elisa Rodrigues, sob supervisão.
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