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Mulheres na Vanguarda: Uma Oportunidade de Reflexão no Mês de Março

Um longo caminho a ser trilhado 

Ao longo dos últimos noventa anos, as mulheres têm avançado gradualmente na esfera política brasileira, conquistando espaço e desafiando as estruturas tradicionais de poder. No entanto, esse progresso tem sido marcado por desafios persistentes e obstáculos que continuam a limitar a plena participação das mulheres na política. Desde a conquista do direito ao voto em 1932 até os dias atuais, as mulheres têm lutado para serem reconhecidas como agentes políticas legítimas.  

A partir da década de 70, observou-se um aumento gradual na participação política das mulheres, tanto como eleitoras quanto como candidatas a cargos públicos. O crescimento do eleitorado feminino, que ultrapassou a marca de 50% em 2006, evidencia um maior engajamento das mulheres na vida política do país. Apesar de representem a maioria do eleitorado brasileiro, as mulheres ainda enfrentam dificuldades para se elegerem e ocuparem cargos de liderança política. A sub-representação feminina nos parlamentos é evidente, com apenas uma pequena parcela de mulheres ocupando cargos de destaque, colocando o Brasil em uma posição desfavorável em comparação com outros países. 

Incentivos e Desafios

As cotas de gênero surgiram como uma tentativa de corrigir essa disparidade, garantindo que pelo menos 30% das candidaturas sejam ocupadas por mulheres. Embora essas cotas tenham sido um passo importante, sua eficácia tem sido questionada, especialmente devido à prática de candidaturas laranjas, que muitas vezes são utilizadas apenas para cumprir a legislação sem um real compromisso com a representação feminina. 

Além das cotas, outras medidas têm sido adotadas para incentivar a participação das mulheres na política, como a destinação de recursos do Fundo Eleitoral para candidaturas femininas. No entanto, as mulheres ainda enfrentam impedimentos como a dupla jornada de trabalho, a violência doméstica e a discriminação de gênero, que podem dificultar sua entrada e permanência na esfera política. 

Apesar dos desafios, é fundamental continuar trabalhando para garantir a igualdade de gênero na política. Isso não apenas fortalece a democracia, mas também promove uma representação mais diversificada e inclusiva, refletindo as diferentes vozes e perspectivas da sociedade brasileira. 

Pioneirismo na Política: Mulheres que fazem a História

A eleição de Dilma Rousseff como a primeira presidenta do Brasil foi um marco importante na história do país, demonstrando que as mulheres são capazes de ocupar os mais altos cargos políticos. No entanto, é necessário ir além, garantindo não apenas a presença de mulheres nos parlamentos, mas também sua participação efetiva e influência nas decisões políticas. 

Além disso, outros avanços notáveis incluem a presença crescente de mulheres em cargos ministeriais, governamentais e de liderança em partidos políticos. Outras figuras também se destacam como exemplos inspiradores na política brasileira.  

Em 1928, Alzira Soriano tornou-se a primeira mulher a ser eleita para o cargo de prefeita no Brasil e na América Latina, na cidade de Lajes/RN. Este marco histórico ocorreu em um contexto em que as mulheres não tinham direito ao voto, tornando sua vitória ainda mais significativa. Comparativamente, a primeira eleição de prefeito no Brasil aconteceu em 1890, evidenciando o longo tempo que se passou até que uma mulher ocupasse um cargo político de destaque.

Em 1934, Antonieta de Barros fez história ao ser eleita como a primeira mulher negra a ocupar um cargo eletivo no Brasil. Esse evento histórico aconteceu durante a primeira eleição em que as mulheres puderam tanto votar quanto se candidatar no país.. Antonieta foi eleita deputada estadual pelo Partido Liberal Catarinense e exerceu seu mandato de 1934 a 1937, sendo também a pioneira a integrar o Legislativo Estadual de Santa Catarina. Além de sua atuação política, ela se destacou como jornalista, professora e escritora. Em reconhecimento a suas realizações, Antonieta de Barros recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2022.

A primeira eleição para o Senado Federal no Brasil aconteceu em 1826. Somente em 1979, Eunice Michiles quebrou barreiras ao se tornar a primeira mulher a integrar o Senado brasileiro. Laélia Alcântara entrou para a história em 1981 ao se tornar a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no Senado Federal. Essas eleições representaram um avanço na luta pela igualdade racial e de gênero no país, marcando um desenvolvimento significativo na história política brasileira. 

Em 1982, Iolanda Fleming quebrou barreiras ao se tornar a primeira mulher a governar um estado brasileiro, assumindo o governo do Acre por cerca de 300 dias. Sua eleição ocorreu durante um período de abertura política no país, após anos de regime militar. A primeira eleição para o cargo de governador no Brasil aconteceu em 1889, tornando a eleição de Iolanda Fleming um importante marco na história política do país. 

Joênia Wapichana fez história em 2018, ao se tornar a primeira mulher indígena a ser eleita para a Câmara dos Deputados do Brasil. Sua eleição ocorreu em um contexto de crescente mobilização dos povos indígenas em defesa de seus direitos e da preservação do meio ambiente. Em comparação, a primeira eleição para a Câmara dos Deputados ocorreu em 1826, tornando a eleição de Joênia Wapichana um marco de representatividade e diversidade na política brasileira. 

Essas mulheres são exemplos notáveis de liderança que contribuíram significativamente para o engajamento das mulheres na política brasileira, demonstrando a importância da presença feminina em posições de destaque.  

Em última análise, o aumento do número de mulheres ocupando cargos e candidaturas nos últimos 30 anos é um sinal de progresso, mas também um lembrete de que ainda há muito a ser feito. A importância do apoio e incentivo ao envolvimento da população feminina na política reside na construção de um ambiente que valorize suas contribuições e promova a igualdade de gênero em todas as esferas da vida pública. A luta pela igualdade de gênero em todos os setores da sociedade continua, e é fundamental que todos se comprometam a tornar esse ideal uma realidade. 

 Texto editado pela bolsista Pibiart Elisa Bretas, sob supervisão.

 

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